Mais um (longo) ano se passou e eis que estamos às vésperas da maior alegria do brasileiro e razão de viver para muitos: o carnaval. Vamos de novo sentir a emoção e a batida dos batuques, tamborins, tambores, agogôs e afins. Iremos nos surpreender com as inovações e encher os olhos com o espetáculo de cores e formas apresentado na Sapucaí.
Ao contrário do que dizem as más línguas, na Marquês, tudo se renova e é isso que faz os desfiles das escolas de samba cariocas ser sucesso de público e crítica há mais de 70 anos. Apesar da imensa tristeza que assolou o mundo do samba há pouco tempo, com o incêndio nos barracões de três escolas, a vida segue, e estas, com auxílio e garra de suas respectivas comunidades e as ditas coirmãs, poderão passar pela avenida com dignidade.
A Grande Rio, favorita no período pré-carnavalesco, foi alijada da disputa por forças externas, infelizmente. A tradicionalíssima (e põe -íssima nisso) Portela não vai ter o brilho de desfilar com o gostinho de estar disputando o título. E a sempre cheia de alegria União da Ilha, após a felicidade de continuar no Grupo Especial, foi privada de pisar na passarela "para valer".
Resta a lição - e aqui vai um recado para prefeitura, administradores e técnicos da Cidade do Samba - que deve ser aprendida para o próximo período carnavalesco: vistoria constante e aparato anti-incêndio. Coisa elementar. Do contrário, o episódio pode se repetir, com 25% das escolas sem poder receber notas, sendo uma delas simplesmente a maior campeã do carnaval.
Dentre as que continuam na disputa, três se sobressaem: Unidos da Tijuca (a atual campeã), Vila Isabel e Salgueiro. Sinto que, neste momento, mangueirenses e nilopolitanos torcem o nariz (risos). Explico-me: não por acaso, estas três escolas foram capazes de vencer a campeoníssima Beija-Flor da primeira década do século XXI. Pode parecer clichê, mas estes resultados são fruto da organização, representada pelo investimento nas quadras, para receber mais gente nos ensaios e assim aumentar as receitas, da maior presença da comunidade nos desfiles e, claro, da criatividade do seu staff.
Por que a Tijuca (e agora me refiro ao bairro) está podendo neste carnaval, com as três favoritas saídas de suas ruas? A escola que tem a honra de carregar o seu nome vem com um tipo de enredo que tem se tornado sua marca nos últimos anos, algo entre o estilo hollywoodiano e o circense, que alçou a escola ao panteão das grandes do samba. Todos aguardam quais as novidades estonteantes, paralisantes e inebriantes que Paulo Barros vai tirar da cartola para nos presentear. Teremos de novo um desfile avassalador como o de 2010?
Andando um pouco pelo famoso bairro da Zona Norte, encontramos o Salgueiro do outrora (?) high-tech Renato Lage, que soube se adequar ao estilo mais barroco e afro do Salgueiro para tirar a escola do ostracismo e dar a ela mais um título. No ano passado, a vermelho e branco viveu a ressaca do término do jejum, mas em 2011 vem cantando mais uma vez o Rio de Janeiro, como só ela sabe fazer, mostrando uma outra faceta da Cidade Maravilhosa: sua presença no cinema.
Já a escola do bairro de Noel Rosa conta com abundância de dinheiro, celebridades do mais alto quilate e uma badalação poucas vezes vista no pré-carnaval. Mas só isso não bastaria. A Vila Isabel tem a multicampeã Rosa Magalhães e um bom samba que podem levá-la ao terceiro título.
Já a Mangueira e a Beija-Flor podem, sim, sempre contar com um dia inspirado de suas comunidades para arrancarem o título das mãos das favoritas, porém é pouco provável que isso aconteça em 2011. A verde e rosa ainda está no processo de reconstrução após algumas administrações, no mínimo, desastrosas que levaram ao acúmulo de dívidas e relações suspeitas com traficantes. É louvável a escolha do enredo que homenageará o baluarte Nelson Cavaquinho e mexerá com os corações de todos os mangueirenses. E quando a Mangueira vem falando de personalidades da música...vide 1984, 1986 e 1998, só para ficar na "era sambódromo".
A Beija-Flor parece ter perdido o fôlego nos dois últimos anos e a escolha do samba-enredo para 2011 foi um tanto quanto infeliz; no entanto, o forte apelo popular de seu enredo pode compensar o samba.
Mocidade e Imperatriz precisam se reformular para reviver as inesquecíveis disputas dos anos 90. Por ora, parecem estar fadadas ao papel de coadjuvantes. Já Porto da Pedra e São Clemente, com a ausência do rebaixamento, devem apenas figurar.
Quero opiniões dissonantes... Quem levará o Estandarte de Ouro? Quem encherá nossos olhos e fará nossos corações baterem no ritmo da bateria? Falta pouco...
Não é verdade que as antigas diretorias tinham ligação com o tráfico. É fato que o tráfico cobra uma mensalidade da escola que agora foi ampliada após o acordo a atual diretoria e o tráfico para chegarem ao poder.
ResponderExcluirVale ressaltar que a passagem secreta quadra-morro era feita por um espaço em que se guardava os intrumentos da bateria e o Presidente de Bateria na época é o atual presidente da Mangueira.
Naquela época o ex-presidente de bateria era oposição a diretoria naquele momento.
E não é verdade que a atual diretoria esteja reestrutando a escola, está mais para reestruturar a vida financeira e profissional do mesmo.